Maré Cearense leva o espetáculo A Força da Água para São Paulo

A encenação, apresentada pelo grupo Pavilhão da Magnólia, traça o caminho historiográfico da seca no Ceará, abordando fatos muitas vezes apagados da história do Brasil

A cultura cearense, conhecida em todo o Brasil, ganha destaque no projeto Maré Cearense, que chega a São Paulo com 10 trabalhos artísticos selecionados pelo Edital Maré Cearense. As apresentações, que abrangem as linguagens de teatro, música e dança, acontecerão nos dias 23, 24, 28, 29, 30 de novembro e 01 de dezembro.

Realização do Instituto Dragão do Mar, com apoio institucional do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará, além de apoio do Sesc SP e patrocínio do Master de Nubank, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, a Maré Cearense é uma mostra itinerante da produção artística do Ceará, com o objetivo de ampliar a visibilidade dos artistas participantes no cenário nacional. Além disso, o projeto busca fortalecer a articulação desses artistas com outros agentes culturais e contribuir para a expansão do público interessado em suas obras.

A Lei Rouanet, sancionada em 1991, é um dos principais instrumentos de fomento à cultura no Brasil, permitindo que empresas e pessoas físicas destinem parte do imposto de renda devido para apoiar projetos culturais. Com o objetivo de democratizar o acesso à cultura, a lei tem sido uma ferramenta fundamental para financiar a produção de filmes, peças de teatro, exposições e outros eventos culturais, como a Maré Cearense.

“A Força da Água”

Um dos espetáculos que promete emocionar o público é “A Força da Água”, apresentado pelo grupo Pavilhão da Magnólia. Como uma peça de teatro documental, a encenação traça o caminho historiográfico da seca no Ceará, abordando fatos muitas vezes apagados da história do Brasil relacionados à indústria da seca.

Desde as promessas feitas por Dom Pedro até o genocídio nos campos de concentração e no Caldeirão, “A Força da Água” mergulha na trajetória de mais de um século de lutas e sofrimentos enfrentados pelos sertanejos. A peça, de forma bem-humorada, também aborda o presente, quando descobrimos que o acesso à água potável e de qualidade não é um direito constitucional.

Henrique Fontes, diretor do espetáculo, explica: “O corpo humano é feito de 60% de água. Quando uma pessoa se insurge, o que vemos é a força da água naquele corpo querendo romper o que a aprisiona, na busca do que lhe falta.” Essa metáfora guia a narrativa e denuncia os obstáculos que impedem o acesso à água.

A pesquisa para a criação do espetáculo foi iniciada em 2018, com o título de “Dramaturgias da Água e da Seca”, dentro dos laboratórios de criação em teatro da Escola Porto Iracema das Artes. Ao se deparar com todo o material levantado, Henrique Fontes, viu a potência que seria percorrer a trajetória das histórias de luta dos sertanejos para sobreviver aos descasos de gestão pública com a seca, percorrendo tanto a busca pela água quanto para entender a água como metáfora da resistência. “Essa metáfora me apareceu com muita força e apostamos nela para traçar a historiografia de mais de um século de sofrimentos e lutas”, finalizou Henrique Fontes.

Mais sobre o espetáculo que emociona e inspira ao mesmo tempo

Sinopse:

Até quando aceitaremos o discurso da seca como fatalidade? O que nos impede de romper a cerca que nos controla? A Força da Água, nova peça do Pavilhão da Magnólia, com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, traça o caminho historiográfico da seca no Ceará. Desde as promessas feitas por Dom Pedro, passando pelo genocídio nos campos de concentração e no Caldeirão até o tempo presente, quando descobrimos que a água não é um direito constitucional. Os relatos e documentos denunciam aquilo que nos impede de ter acesso à água potável e de qualidade. Até quando aceitaremos? Quando deixaremos nossas águas transbordarem?

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Professor e Jornalista

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