Considerado o “fruto de ouro” devido à sua alta lucratividade, o cacau é originário da América Central, mas disseminado por todo o mundo. Há pouco mais de 10 anos é cultivado também em terras cearenses. Dados de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que a Bahia é o maior produtor de cacau do Brasil com uma área plantada de 480 mil hectares e produção de 122 mil toneladas. Com seus 174 mil hectares e 116 mil toneladas produzidas, o Pará é, hoje, o 2º maior produtor nacional.
Por apresentar área colhida de cerca de 707 mil hectares plantados e produção estimada em 255 mil toneladas, o Brasil atualmente se situa na 7ª colocação no mercado mundial cacaueiro, mas já liberou a exportação desse produto. O Ceará, através de suas áreas irrigadas, tem grande potencial de produção comercial do cacau. Outra vantagem está no clima semiárido, que impede naturalmente a proliferação de fungos, como a vassoura-de-bruxa. A doença é responsável por sérios problemas na produção de outros estados brasileiros.
Analista de Atração de Investimento e Mercado da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Sérgio Baima ressalta que o objetivo do Governo do Ceará é incentivar a produção do cacau, fruto do qual é fabricado o chocolate, alimento bastante valorizado no mercado. “O cacau tem importância adicional por ser um produto industrial e ter alto valor agregado. Mas nós queremos melhorar ainda mais essa produção”.
Logo nos primeiros anos de plantio de cacau no Ceará, a sequência de anos de seca quase impediu a continuidade do projeto. Felizmente esse cenário tomou rumos positivos e hoje a questão hídrica está quase que totalmente normalizada. “Em 2011, tínhamos o Castanhão cheio. Aguentou três anos e quase secou. Hoje, o açude tem cerca de 15% e estamos conseguindo manter a irrigação porque há um cuidado muito maior com a água. O cacau contribui com o pensamento do Governo de aumentar a renda de produtores, sejam grandes ou pequenos, de modo parcimonioso no uso da água”.
Início positivo
No Perímetro Irrigado do Tabuleiro de Russas, entre as cidades de Limoeiro do Norte e Russas, foram plantadas as primeiras mudas de cacau, em 2010. A iniciativa partiu da União dos Agronegócios no Vale do Jaguaribe (Univale), com apoio da Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Logo na 1ª safra, foram três mil quilos de amêndoas por hectare, superando em muito a média de 350 quilos por hectare registrado no Sul da Bahia, principal região produtora do Brasil. Atualmente, o Estado conta com 25 hectares plantados. “O Governo do Ceará fez um projeto de incentivo à introdução de cacau no Ceará, através de produtores privados que aceitaram fazer o investimento. O Estado entrou com a parte tecnológica, trazendo técnicos da Ceplac para dar suporte e logo começaram a produzir cacau”, lembra Sérgio Baima.
Baima frisa que a insolação (quantidade de horas de sol durante o dia), no Ceará, melhora a produção e faz com que o cacau seja precoce. “A precocidade é uma das coisas básicas para a produção. Não é bom ter que esperar por cinco anos para o cacau desenvolver. Aqui, ele se desenvolve em três anos. Entre a saída da flor e a produção, normalmente, em outros estados, chega a 200 dias. No Ceará, em 140 dias há o processo. É realmente mais precoce, o que faz com que o Ceará possa ter um grande potencial”, avalia o analista da Sedet.
Início positivo
No Perímetro Irrigado do Tabuleiro de Russas, entre as cidades de Limoeiro do Norte e Russas, foram plantadas as primeiras mudas de cacau, em 2010. A iniciativa partiu da União dos Agronegócios no Vale do Jaguaribe (Univale), com apoio da Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Logo na 1ª safra, foram três mil quilos de amêndoas por hectare, superando em muito a média de 350 quilos por hectare registrado no Sul da Bahia, principal região produtora do Brasil. Atualmente, o Estado conta com 25 hectares plantados. “O Governo do Ceará fez um projeto de incentivo à introdução de cacau no Ceará, através de produtores privados que aceitaram fazer o investimento. O Estado entrou com a parte tecnológica, trazendo técnicos da Ceplac para dar suporte e logo começaram a produzir cacau”, lembra Sérgio Baima.
Baima frisa que a insolação (quantidade de horas de sol durante o dia), no Ceará, melhora a produção e faz com que o cacau seja precoce. “A precocidade é uma das coisas básicas para a produção. Não é bom ter que esperar por cinco anos para o cacau desenvolver. Aqui, ele se desenvolve em três anos. Entre a saída da flor e a produção, normalmente, em outros estados, chega a 200 dias. No Ceará, em 140 dias há o processo. É realmente mais precoce, o que faz com que o Ceará possa ter um grande potencial”, avalia o analista da Sedet.
Para uma boa produção, os cacaueiros precisam de sombreamento e barreira para os fortes ventos. O que poderia ser uma dificuldade é, na verdade, oportunidade de mais negócios, uma vez que os produtores podem aproveitar o espaço para o plantio de banana, coco e cajarana, por exemplo. A técnica consorciada é a adotada na Fazenda Frutacor, em Russas, onde estão plantados, atualmente, três hectares de cacau.
Atualmente, a rentabilidade do cacau é de R$ 1 mil por hectare. “Isso, se o interesse for de processamento apenas da amêndoa. Se fizer a venda da poupa, o ganho vai para R$ 1,3 mil. E caso seja uma produção de agricultura familiar, onde o próprio agricultor executa a mão de obra, essa percentagem aumenta para R$ 1,5 mil livres, por hectare, a partir do 3º ano”, afirma o agrônomo.
Ainda conforme Diógenes, o Estado do Ceará já possui o know-how necessário para uma boa atuação dos agricultores. “A implantação dos cacaueiros no Ceará apenas foi possível pela parceria entre o Governo do Estado e a iniciativa privada. O Governo incentivou com consultorias, através de projetos da Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), e custeando a vinda de especialistas ao Ceará. Hoje, a Sedet mantém um consultor do cacau na região”, explica, acrescentando que outras regiões já iniciaram o processo de plantação, como a do Acaraú.
Renda
O agricultor Kerginaldo de Freitas está empregado há 13 anos na Fazenda Frutacor. Lá, ele que viu todo o início do processo, é responsável por manter a produção de cacau livre de pragas e com água suficiente. Ele é daquelas pessoas apaixonadas pelo trabalho. No meio da plantação, segundo afirma a quem pergunta, é onde se sente bem e agradecido por tudo o que já conquistou. “Vale muito a pena. Aqui, eu ganho o pão de cada dia e consigo minhas coisas”, fala, agradecido, o agricultor. “Graças a Deus, já comprei um carro, minha casa e tenho uma moto para vir trabalhar. Só assim eu consegui ter minhas coisas”, comemora.
Assim como Kerginaldo, quem comemora a rentabilidade do cacau é Diógenes, o engenheiro agrônomo que agora também produz chocolate. Após estudar e constatar a lucratividade do principal produto do cacau, ele decidiu há menos de um ano abrir a própria fábrica e contar com a força de trabalho de moradores de Limoeiro, onde instalou a Cacau do Ceará. “Por enquanto, estamos com cinco produtos: o pó de cacau, o Nibs de 80 gramas e o de 100 gramas, e dois tipos diferentes de chocolate que são os de 46% e 70%”, conta.
A produção, de acordo com o empreendedor, tem bastante aceitação. “Já estamos procurando um novo local e comprando maquinário para multiplicar por mais ou menos oito vezes o trabalho feito hoje na fábrica. É um negócio rentável. De chocolate todo mundo gosta”, conclui Diógenes.