Psicóloga comenta sobre desafio da produtividade e pressão por uma vida perfeita na adolescência

O Dia do Adolescente, celebrado em 21 de setembro, é uma data para refletir sobre os desafios únicos que a juventude enfrenta em um mundo cada vez mais conectado e exigente. Longe da imagem estereotipada de uma fase de rebeldia sem causa, a adolescência moderna é marcada por uma intensa pressão por produtividade, sucesso e perfeição, que impacta diretamente a saúde mental. Levantamento recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com dados do Sinan, do Ministério da Saúde, apontam que o Brasil tem uma tentativa de suicídio ou autolesão entre jovens de 10 a 19 anos a cada 10 minutos. 

A busca por um futuro profissional promissor começa cada vez mais cedo. A escolha de uma carreira, a pressão por boas notas e o ingresso em universidades de prestígio se tornam um fardo pesado, muitas vezes eclipsando a chance de explorar interesses e desenvolver a própria identidade de forma genuína. Paralelamente, a cultura da comparação, impulsionada pelas redes sociais, cria um cenário onde a vida de outras pessoas parece ser constantemente melhor, mais feliz e mais bem-sucedida. Questões estéticas, a busca incessante por um corpo “ideal” e a validação online se somam a essa equação, gerando um ambiente propício para a ansiedade, a depressão e outros problemas de saúde mental.

Nesse contexto, a importância do apoio profissional se destaca como um farol para muitos jovens e suas famílias. A psicóloga, neuropsicóloga e educadora parental Sarah Rebeca Barreto ressalta a importância desse acompanhamento.

“Hoje em dia, os adolescentes que têm acesso aos consultórios conseguem compartilhar mais suas dores, medos e receber as devidas orientações. Muitas vezes, eles não verbalizam essas questões para os pais, seja por medo de julgamento, de preocupá-los ou por simplesmente não saberem como expressar o que sentem. Por isso, é fundamental esse intermédio entre as famílias. Quando os pais participam desse processo, eles passam a saber quais são os sinais de alerta e os tópicos sensíveis que precisam de atenção, fortalecendo o diálogo em casa”, afirma a especialista.

O apoio psicológico, além de ser um espaço seguro para o adolescente se expressar, serve como uma ponte para o diálogo familiar. Ele ajuda a desmistificar tabus e a construir um ambiente de confiança, onde os pais podem aprender a acolher, a ouvir e a guiar seus filhos de maneira mais assertiva. Ao investir no bem-estar psicológico dos adolescentes, a sociedade está investindo na formação de adultos mais saudáveis, capazes de lidar com as pressões da vida de forma equilibrada e consciente. É um passo crucial para garantir que a próxima geração cresça com as ferramentas necessárias para florescer e construir um futuro com menos ansiedade e mais bem-estar.

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