
A Reforma Tributária aprovada no Brasil marca uma das mudanças mais profundas do sistema fiscal das últimas décadas — e, diferentemente das “mini-reformas” anteriores, desta vez o impacto não ficará restrito aos departamentos contábil e financeiro das empresas. Especialistas alertam que a nova legislação exigirá um reposicionamento direto de sócios, diretores, gestores e CFOs, que terão de compreender e aplicar as novas regras para garantir a sobrevivência e competitividade de seus negócios.
Enquanto as reformas dos últimos 40 ou 50 anos afetavam principalmente o nível operacional das organizações, a atual transformação é multilateral e atingirá pontos críticos da empresa: formação de preços, margens, fluxo de caixa, benefícios fiscais, regime de tributação e até mesmo o desenho do modelo de negócio.
Segundo o contador e consultor empresarial Jefferson Lopes, a mudança exige protagonismo dos líderes: “Dessa vez, não é uma reforma para o contador resolver sozinho. Os donos e gestores vão precisar entrar em campo, entender a nova lógica tributária e reestruturar suas operações. Quem não fizer isso, corre um risco real de perder margem ou até quebrar.”
A implementação do IBS e da CBS, somada à transição para regimes neutros e novas formas de crédito, representa um desafio inédito: empresas terão de recalcular preços, revisar operações interestaduais, reavaliar planos tributários e analisar se o regime atual continuará sendo o mais vantajoso.
“Estamos diante de uma das maiores mudanças econômicas do país, e muitas empresas ainda não despertaram para isso. O impacto é profundo e estrutural. Quem entender cedo as novas regras terá vantagem competitiva; quem ignorar, ficará para trás”, destaca Jefferson.
Diante desse cenário, especialistas recomendam que empresas iniciem imediatamente processos de diagnóstico tributário, simulações de cenários e revisão de estruturas societárias e operacionais — medidas consideradas fundamentais para garantir a sustentabilidade durante a transição.
A Reforma Tributária inaugura uma nova era na gestão empresarial no Brasil. E, pelo que apontam os analistas, esse será o momento em que os líderes precisarão assumir o comando técnico da estratégia para evitar riscos e aproveitar oportunidades.
