Sem emprego,diplomados passam a viver de Uber

Desde que a crise econômica se instalou no Brasil, varrendo postos de trabalho em empresas de diversos setores, é cada vez mais comum encontrar alguém que tenha aderido aos aplicativos de transporte e de entregas, como 99, Uber, iFood e Rappi, para pagar os boletos que, certamente, vão chegar. Pior: não são apenas os profissionais sem qualificação específica que estão recorrendo à “uberização” do trabalho. A recuperação do emprego tem sido tão lenta que até mesmo profissionais mais qualificados, com curso superior (completo ou incompleto), estão migrando para esses serviços. Do total de trabalhadores do setor, 12% têm superior incompleto e outros 5% têm superior completo,diz o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Não há dados do IBGE para comparar se houve crescimento nesse percentual. As empresas de transporte não revelam essas informações.
De acordo com Renan Pieri, da FGV, os primeiros a migrar para os aplicativos foram os mais jovens, que ainda estavam cursando a faculdade. “Essa parcela é sempre a primeira a ser demitida”, afirma Pieri.
O motivo é que muitos deles ainda estão no começo da carreira e não exercem funções imprescindíveis dentro das empresas. “São pessoas que deixaram de estudar para continuar no mercado de trabalho por meio dos apps”, diz. Pelos números do IBGE, esse grupo é formado, em sua maioria, por pessoas de 18 a 29 anos.
O professor da FGV diz que, como o desemprego foi muito forte, chegou ao ponto de os mais experientes (e qualificados) também serem demitidos. Não à toa, o maior grupamento é composto por profissionais entre 30 e 49 anos (52% no total).
O fato é que essa modalidade chegou para ficar e está mudando as relações trabalhistas.

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admin

Professor e Jornalista

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